quinta-feira, julho 29

sem asas.




Essa intemporalidade e remorso que tento esconder dia após dia. O inegável desejo cru quando te vejo, aliado à distância e proibição. Desejo recalcado e afundado com as lágrimas derramadas. Demasiado jovem para ser restringido e abjurado. Tu és a cobra da árvore de Adão e Eva.

Hoje poderás ser o meu príncipe, amanhã poderás já não ser nada. E os dias passam languidamente por entre as horas. Tento não olhar-te e o desejo soa mais forte cada vez, prometendo mentalmente que será a última.

Qual será a pior das traições? Trair consumando o acto ou alimentar todos os dias uma paixão proibida pela moral, secreta, no mais fundo do inconsciente, sem a retrair, ou pior, sem a querer retrair ou largar?

Viciante como a cafeína ou nicotina, tudo se desvanece enquanto se tenta avançar mais um passo. A mentira dos dias. A traição da alma. Um anjo que perdeu as asas.



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